Enquanto algumas provas equestres celebram a velocidade explosiva ou a força do salto, existe uma que se dedica à arte do movimento, à cadência e, acima de tudo, ao conforto. A Prova de Marcha é a passarela do mundo equestre, um espetáculo onde o que mais importa não é chegar primeiro, mas sim a qualidade e a elegância de cada passada. É o palco principal dos nossos cavalos de sela brasileiros!
A prova de marcha é a vitrine de raças como o Mangalarga Marchador e o Mangalarga, colocando em evidência a característica que os torna tão especiais: seu andamento marchado. Mais do que uma competição, é uma avaliação criteriosa que busca o cavalo ideal para a cavalgada, aquele que oferece o
máximo de comodidade e regularidade ao cavaleiro. Vamos entender como funciona essa prova que é a alma do cavalo de sela nacional.

Sumário
O que é avaliado em uma prova de marcha?
O objetivo central de uma prova de marcha é avaliar a qualidade do andamento natural do cavalo. O juiz não está apenas olhando se o cavalo está se movendo, mas como ele está se movendo. Vários critérios são julgados simultaneamente para compor a nota final do animal.
O quesito mais importante é a comodidade. O juiz avalia o quanto o cavalo é “macio” para o cavaleiro, ou seja, se ele se desloca com o mínimo de impacto vertical. Um bom cavalo de marcha permite que o cavaleiro fique quase imóvel na sela, sem “quicar”, o que é a principal vantagem da marcha sobre o trote.
Outros critérios fundamentais incluem:
- Regularidade: O cavalo deve manter um ritmo constante e um padrão de passadas uniforme, sem vacilar ou mudar o andamento.
- Estilo e Beleza da Marcha: Avalia-se a elegância do movimento, a postura do cavalo, a elevação dos membros e a harmonia geral do conjunto.
- Diagrama da Marcha: O juiz observa o tempo de apoio dos cascos no solo. A marcha ideal é a de quatro tempos, onde se ouve o “plá-ca-tá-plá-ca-tá” das batidas no solo de forma clara e ritmada.
- Adestramento e Submissão: O cavalo deve estar atento e responder prontamente aos comandos do cavaleiro, mostrando-se dócil e cooperativo.
As etapas e dinâmica da competição
Uma prova de marcha geralmente acontece em uma pista circular ou retangular e é dividida em etapas, permitindo que os juízes avaliem os animais em diferentes situações. A prova pode durar de 40 a 60 minutos, testando também a resistência dos competidores.
A dinâmica costuma seguir uma ordem:
- Entrada em Pista e Volta de Apresentação: Os conjuntos entram na pista e dão algumas voltas para que os juízes tenham uma primeira impressão geral.
- Provas em Marcha Lenta e Rápida: Os juízes pedem que os cavaleiros alternem a velocidade da marcha, para avaliar se o cavalo mantém a regularidade e a comodidade em diferentes ritmos.
- Paradas e Partidas: São solicitadas paradas bruscas (“esbarradas”) e saídas rápidas, para testar a submissão e o equilíbrio do animal.
- Prova Funcional (se houver): Em algumas competições, pode haver uma etapa funcional com pequenos obstáculos, como passar por uma porteira ou recuar, para avaliar a docilidade e o adestramento do cavalo em situações de trabalho.
- Chamada para Julgamento: Ao final, os juízes chamam os melhores conjuntos para o centro da pista, fazem uma última análise e anunciam a classificação.
Para resumir os critérios, confira a tabela:
Critério de Avaliação | O que o Juiz Observa | Importância na Nota Final |
---|---|---|
Comodidade | Mínimo de impacto vertical; cavaleiro estável na sela. | Altíssima |
Regularidade | Ritmo constante, sem alterações no padrão de passada. | Alta |
Diagrama e Ritmo | Clareza das quatro batidas, tempo de apoio dos cascos. | Alta |
Morfologia | Conformação física do cavalo que favorece o bom andamento. | Média (em provas específicas) |
Adestramento | Resposta aos comandos, docilidade e harmonia do conjunto. | Média |
Assista: Olho de Juiz: o que é avaliado em uma Prova de Marcha?
Perguntas e Respostas Frequentes
Qual a diferença entre marcha picada e marcha batida?
Esses são os dois principais tipos de marcha no Mangalarga Marchador. A marcha picada é um andamento de tríplice apoio (três cascos no chão ao mesmo tempo), o que a torna extremamente confortável, quase sem nenhum atrito. Já a marcha batida é um andamento de apoio diagonal, mais avançado e com mais rendimento, mas ainda assim muito mais cômodo que o trote.
O Mangalarga (Paulista) também tem prova de marcha?
Sim! A prova para o Mangalarga (conhecido como “de São Paulo”) avalia a marcha trotada, que é um andamento intermediário entre a marcha pura e o trote. É um movimento de quatro tempos, mas com um momento de suspensão, o que lhe confere mais velocidade e progressão, sendo ideal para o trabalho nas fazendas.
O cavaleiro também é avaliado na prova?
Embora o foco seja o cavalo, a performance do cavaleiro (ou “apresentador”) influencia indiretamente. Um bom cavaleiro sabe extrair o melhor do seu animal, apresentá-lo de forma a valorizar suas qualidades e manter a harmonia do conjunto, o que certamente conta pontos com os juízes.
Qualquer pessoa pode competir em uma prova de marcha?
Sim! As provas de marcha são muito democráticas e possuem diversas categorias, desde as profissionais até as amadoras, incluindo categorias para crianças (mirim) e mulheres (amazona). É um esporte que une famílias e celebra a paixão pelo cavalo de sela.
Como é o treinamento para uma prova de marcha?
O treinamento foca em fortalecer a musculatura que sustenta o andamento e em melhorar o condicionamento cardiovascular do cavalo para que ele aguente a longa duração da prova. O trabalho de adestramento é fundamental para aprimorar a resposta aos comandos e a postura do animal, buscando sempre a naturalidade e a regularidade da marcha.
Conclusão
A prova de marcha é a celebração do que o cavalo brasileiro tem de melhor: seu conforto, sua docilidade e sua beleza funcional. É uma competição que nos lembra que, para longas jornadas, a qualidade do caminho é tão importante quanto a chegada.
Assistir a uma prova de marcha é ver a expressão máxima da seleção de raças que foram feitas para serem as melhores companheiras do homem no campo e no lazer. É a coroação do trabalho de criadores e treinadores que se dedicam a aprimorar o andamento que é, sem dúvida, um patrimônio nacional.
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